Profissionais dos distritos de saúde indígena participam de capacitação sobre assistência neonatal
Trinta profissionais (entre médicos e enfermeiros) que atuam em Distritos de Saúde Especial Indígena (DSEIs) do Amazonas participam a partir desta quarta-feira (2), na Maternidade Ana Braga, de um curso de capacitação sobre assistência neonatal. Ministrado por pediatras neonatologistas das secretarias estadual e municipal de Saúde (Susam e Semsa), o curso integra as ações da estratégia de Atenção Integrada das Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), do Ministério da Saúde.
A coordenadora estadual de Saúde da Criança, Katherine Benevides, da Susam, explica que a taxa de mortalidade infantil, no Amazonas, tem um componente muito significativo de óbitos entre as crianças indígenas, sobretudo na fase neonatal – que compreende os 28 primeiros meses de vida da criança. “A execução das ações voltadas para a saúde indígena, incluindo a atenção à saúde infantil, são de responsabilidade do Governo Federal, mas é importante alinhar medidas e desenvolver ações conjuntas que possam contribuir para a mudança de cenários que ainda impactam negativamente na assistência a essa população”, disse a coordenadora.
De acordo com o pediatra neonatologista da maternidade Ana Braga, da Susam, Jefferson Pereira Guilherme, que integra a equipe de especialistas que ministrará o curso, a metodologia da capacitação inclui estudos de casos clínicos, aulas práticas de procedimentos como reanimação e transporte neonatal e informações atualizadas sobre as principais patologias que afetam os recém-nascidos – principalmente, na primeira semana de vida -, como pneumonias congênitas, doença das membranas hialinas, icterícia, sífilis dentre outras infecções. “É um curso de imersão, com potencial para ter realmente um impacto bastante positivo na rotina de assistência prestada por esses profissionais nas áreas indígenas em que atuam”, disse Jefferson Guilherme.
Ele destaca que as principais estratégias para alcançar esse objetivo são o fortalecimento e a qualificação do pré-natal, no âmbito da Atenção Básica, que é de responsabilidade das secretarias municipais de Saúde; a qualificação e humanização da assistência ao parto; e a ampliação de serviços especializados a fim de assegurar o diagnóstico e atendimento precoce de crianças com problemas congênitos, como é o caso daquelas que nascem com cardiopatias.
Estratégias – Katherine Benevides frisa que, como parte da política de redução da mortalidade infantil no Estado, há uma série de programas e estratégias em execução, que buscam assegurar uma atenção integral às crianças, com ênfase na primeira infância. A Rede Cegonha, Rede Amamenta e Alimenta Brasil, os Hospitais Amigos da Criança e da Mulher e o Método Canguru são algumas das ações de maior visibilidade. ”Mas há várias outras com essa finalidade”, ressaltou.
Ela citou o caso do programa executado pelo Governo do Estado, em parceria com o Ministério da Saúde, que assegura aos bebês prematuros de alto risco portadores de cardiopatia cianogênica ou doença pulmonar crônica, o acesso ao Palivizumabe, medicamento biológico de alto custo, recomendado para a prevenção das infecções causadas pelo vírus sincicial respiratório. O programa tem como público-alvo as crianças até 2 anos de idade, inseridas nesses grupos de risco.
Outra ação estratégica que vem sendo intensificada pela Susam, em parceria com as secretarias municipais de saúde e a Universidade do Estado do Amazonas, é o uso da ferramenta de teleconferências – por meio do Polo de Telessaúde – para capacitar e atualizar permanentemente os profissionais do interior do Estado na atenção ao recém-nascido.