Susam apresenta estrutura de atendimento da rede estadual de saúde, para as Olimpíadas

A Secretaria Estadual de Saúde (Susam) apresentou, durante o “III Workshop sobre os Jogos Olímpicos Rio 2106”, ocorrido em Manaus, a estrutura de atendimento que será montada para o período do torneio, na capital amazonense, especificando as unidades que atuarão como referência. A Clínica do Viajante da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), criada para a Copa do Mundo de Futebol, voltará a funcionar nos jogos olímpicos, com atendimento bilíngue. O workshop, que começou na última quinta-feira (28), encerra nesta sexta-feira (29), no Centro Integrado de Comando e Controle.

De acordo com o secretário estadual de Saúde, Pedro Elias de Souza, as ações no setor, para as Olimpíadas, estão sendo organizadas em conjunto, pelos técnicos da Susam e da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), e contemplam medidas de prevenção, vigilância epidemiológica e sanitária, além da assistência. “Na rede hospitalar de urgência, adotaremos o mesmo modelo de plano de contingência utilizado durante a Copa do Mundo. Esse modelo deixa toda a rede preparada para uma resposta rápida em caso de acidentes com múltiplas vítimas. Mas também definimos, conforme pede o protocolo do evento, unidades de referência para esse atendimento”, disse o secretário.

É o caso dos Prontos-Socorros 28 de Agosto e João Lúcio e a Fundação de Medicina Tropical e, ainda, dos Serviços de Pronto Atendimento (SPAs) Alvorada, São Raimundo, Joventina Dias (na Compensa) e José Lins (na Redenção). O HPS 28 de Agosto estará como referência para atendimento de queimados e ocorrências de urgência nas especialidades cardiovascular, nefrologia, urologia, traumato-ortopedia, oftalmologia, clínicas médica e cirúrgica. O HPS João Lúcio, por sua vez, será a referência, principalmente, para neurocirurgias, cabeça e pescoço, bucomaxilo e, também, traumato-ortopedia, cardiovascular e clínicas médica e cirúrgica.

Na área de Doenças Infecciosas e Parasitárias e Dermatologia Tropical, a FMT é a unidade de referência da rede. Na instituição também estará em funcionamento, durante os jogos olímpicos, a Clínica do Viajante.

O Hospital Francisca Mendes, na Cidade Nova, zona Norte, deverá manter uma área reservada de sobreaviso para atendimentos a vítimas de um eventual ataque terrorista, conforme requer o protocolo de Defesa Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR), definido pelas forças de segurança que vão atuar integradas durante o evento.

Arena – Manaus vai sediar seis jogos do Torneio de Futebol, sendo duas rodadas duplas do masculino, nos dias 4 e 7 de agosto, e uma rodada dupla do torneio feminino no dia 9, todas na Arena da Amazônia. Desta vez, diferentemente do que ocorreu na Copa do Mundo, todo o aparato de saúde dentro da Arena da Amazônia ficará sob a responsabilidade do Governo do Estado e da Prefeitura de Manaus. Na Copa, essa estrutura de atendimento ficou sob a responsabilidade da Federação Internacional de Futebol (Fifa), organizadora do evento.

Nos jogos olímpicos, a Susam e a Semsa vão atuar integradas na Arena. A estrutura de atendimento será composta por sete postos, sendo dois no nível superior, dois no nível zero e mais dois nos vestiários. Na parte exterior, reservada para as estruturas temporárias, deverá ser montando ainda um posto maior, com estrutura hospitalar, incluindo leitos de UTI. O planejamento para a operação Arena prevê a implantação de um Sistema de Regulação semelhante ao adotado na rede pública de saúde. O paciente que necessite de remoção já sairá da Arena encaminhado para a unidade previamente definida. Mais de 70 profissionais estarão atuando para fazer funcionar esta estrutura de assistência e regulação, entre médicos, fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de enfermagem, maqueiros, administrativos e pessoal de limpeza.

O Hospital Adventista, unidade da rede privada, localizada no Distrito Industrial, zona Sul, foi escolhido pelo Comitê Rio 2016 para atender à Família Olímpica, formada por atletas, dirigentes e demais envolvidos na organização do evento.

Vigilância e prevenção – Além da assistência, Governo do Estado e Prefeitura atuam juntos na questão sanitária. A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), órgão ligado à Susam, reforçará, por exemplo, a inspeção de hotéis da cidade e nos chamados hotéis de selva. “O objetivo é verificar se os serviços obedecem aos padrões de vigilância sanitária, se oferecem algum risco e, com isso, fazer a notificação e sua posterior correção. A outra frente se refere à atuação na época dos jogos, principalmente em relação à venda de alimentos, como estão sendo fabricados e manuseados, além de observar itens como a qualidade da água da Arena, dos hotéis e dos centros de treinamento, por exemplo”, detalhou o diretor-presidente da FVS, Bernardinho Albuquerque.

Em relação à transmissão de doenças, como Dengue, Chikungunya ou Zika, Bernardino informa que as estatísticas mostram que o risco reduz muito no Amazonas no segundo semestre do ano, quando vão acontecer os jogos. Com base em dados epidemiológicos, o presidente da FVS afirma que 80% das doenças transmitidas por vetores urbanos, no caso do Aedes aegypti, acontecem entre dezembro e maio. “A Olimpíada acontece em agosto, quando o risco é muito pequeno. Ainda assim, estamos trabalhando desde o ano passado para que na época dos jogos tenhamos tranquilidade em relação a essas doenças. Quanto aos turistas que por ventura queiram ir para outras áreas de transmissão de doenças como Malária e Febre Amarela, pretendemos fazer um guia com orientações, conforme fizemos na Copa”, afirmou.

Embora os números de transmissão de Dengue, Chikungunya e Zika no Amazonas ainda sejam baixos, se comparados a outros estados, a situação preocupa e todas as medidas estão sendo adotadas para garantir o controle epidemiológico, inclusive a possibilidade de introdução de novos vírus, com a circulação maciça de turistas.

“Sempre há um risco da introdução de novos patógenos. Na Copa, tomamos cuidado com o Sarampo, até porque alguns países da Europa tinham surto. Houve vacinação do pessoal de receptivo, como funcionários de hotéis e taxistas. Felizmente, não tivemos Sarampo, mas não está descartada a tese do Zika ter entrado. Às vezes, a pessoa chega sem sintoma e adoece depois. Se aqui temos o mosquito transmissor, o risco de transmissão é muito grande, da mesma forma que acontece com as doenças em que a transmissão é de pessoa para pessoa”, detalhou.

Segundo Bernardinho Albuquerque, o sistema de Vigilância Epidemiológica do Estado está preparado para a situação. Todas as unidades de saúde têm Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar. “O paciente chega com doença incomum, faz a notificação para identificação. O objetivo é identificar de forma precoce, para se fazer a investigação, a definição da etiologia e a prevenção”, explicou.