Rede Estadual de Saúde oferece tratamento de reabilitação para ostomizados
No calendário da Saúde, a próxima quinta-feira (16/11) é o Dia Nacional da Pessoa Ostomizada. A data, definida pela Lei 11.506/2007, em homenagem à Fundação da Sociedade Brasileira dos Ostomizados, visa à conscientização contra o preconceito e à luta pela reabilitação que garanta uma vida digna e normal às pessoas que se encontram nesta condição.
É o que oferece o Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Policlínica Codajás, unidade da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), localizada no bairro Praça 14 de Janeiro. Oitocentos e vinte e nove pessoas ostomizadas são atendidas atualmente no centro, que é o único da região Norte.
A ostomia é uma cirurgia no abdome para criar uma comunicação entre um órgão interno e o exterior do corpo para eliminação de dejetos do organismo (fezes e urina). Dessa forma, o ostomizado utiliza uma bolsa coletora para recolher o conteúdo a ser eliminado. O procedimento é necessário quando a pessoa sofre algum trauma que inviabiliza o fluxo normal intestinal ou urinário.
Nova realidade – Após a recuperação da cirurgia, a pessoa precisa de orientação e cuidados para se reabilitar e levar uma vida normal. É no CER que esse serviço é oferecido pela rede estadual. Dependendo do caso, a pessoa viverá permanentemente ostomizada, com uma bolsa coletora para fezes ou urina. Em outros, a condição é temporária. Mas nas duas situações, os pacientes precisarão da ajuda do CER para aprender a lidar com a nova realidade.
Atualmente, o CER atende 640 usuários temporários e 189 definitivos. “O usuário temporário não vai precisar usar o coletor durante a vida toda. Ele vai poder fazer a reconstrução do trânsito intestinal, por exemplo. Mas quando tem situações mais agravantes, que existe neoplasia, que fez amputação quase que total do intestino, por exemplo, aí vai usar esse coletor durante a vida toda”, explica a responsável pelo centro, a enfermeira estomaterapeuta Josenira Araújo.
Vencendo o preconceito –A ajuda psicológica para o entendimento da nova condição é um dos pontos trabalhados com os pacientes ostomizados do CER. Josenira Araújo conta que as pessoas ostomizadas são estigmatizadas e precisam de ajuda para superar o preconceito.
“Por isso, o atendimento é feito por uma equipe multidisciplinar, porque o nosso papel é conceber os equipamentos e também reabilitar os usuários para que possam viver normalmente. Mas eles têm ainda toda uma imagem comprometida perante a sociedade”, afirma Josenira.
Equipe multiprofissional – Na equipe do CER, os usuários com ostomia têm acompanhamento de equipe multiprofissional, com psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais.
Para o coordenador da Associação das Pessoas Ostomizadas do Amazonas, Mauro Coelho, a criação do Centro no Amazonas foi uma grande ajuda para pessoas que passaram por esse problema. Ele vive com ostomia desde 1996, depois de sofrer uma grave lesão por causa de uma queda.
“Nós temos uma reabilitação muito boa, a partir do momento que começamos utilizar o material, a bolsa, que dá uma segurança para ir e vir para as consultas, para ter uma vida social. Muitos não saem de casa porque não têm essa orientação, e aqui no programa eles dão essa orientação. O CER foi um achado muito grande para a gente”, comemora.
Referência – O CER funciona como um ponto de atenção ambulatorial especializado em reabilitação, que realiza tratamento, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em referência para a rede de atenção à saúde, atendendo os usuários em processo de reabilitação física, auditiva e visual.
O Centro atende a usuários de todos os municípios do Estado do Amazonas, mas tem registrado atendimentos de usuários provenientes de outros estados também, como Pará, Roraima e Rondônia.
Programação Especial – Em alusão ao Dia Nacional da Pessoa Ostomizada, a Policlínica Codajás realiza uma programação especial ao longo deste mês de novembro. Um dos eventos será uma exposição de artesanato, que começou dia 6 novembro e vai até o dia 30 de dezembro, com objetos produzidos por pessoas ostomizadas. Os produtos estão expostos no hall da policlínica.
No dia 16, haverá atividades educativas com informações sobre o atendimento do CER, orientações sobre o que é estomia e distribuição de material informativo sobre prevenção de câncer intestinal.