Fuam participa de pesquisa que indica novo método para tratamento da hanseníase em aprovação pelo MS

Está em fase de discussão pelo Ministério da Saúde (MS), a implantação da Multidrogaterapia Única (MDT-U) para tratamento de pacientes de hanseníase no Brasil. A MDT-U, que adota um esquema único de medicação para a hanseníase e diminui de um ano para seis meses o período de tratamento, é resultado de estudos com a participação da Fundação Alfredo da Matta (Fuam), unidade da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) que é referência no tratamento da doença no País.

 

A implantação da MDT-U será tema de audiência pública na Câmara dos Deputados, evento durante o qual serão apresentados os estudos que embasaram esse novo método de tratamento. A realização do evento foi aprovada no último dia 20, pela Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF), mas ainda não tem data para acontecer.

 

O novo método indicado é resultado de estudos internacionais e de pesquisas também conduzidas no Brasil, envolvendo a Fuam e o Centro de Dermatologia Dona Libânia (Fortaleza/Ceará). O diretor presidente da Fuam, Helder Cavalcante, explicou que as pesquisas, no País – “Estudo independente para avaliação da eficácia do esquema único de multidrogaterapia para tratar pacientes com Hanseníase (U-MDT/CT-BR)” –, vêm sendo desenvolvidas há três anos. Os resultados obtidos foram publicados em revistas científicas internacionais e apresentados ao Ministério da Saúde. A proposta de alteração do tratamento atual da hanseníase, para o esquema MDT-U, foi feita com base neles.

 

Esse estudo, segundo ele, mostra que a redução no tempo de tratamento não interfere na eficácia do novo método. E que, além disso, proporciona maior qualidade de vida para os usuários e ajuda a combater um dos principais problemas com relação à hanseníase, que é o abandono do tratamento, muitas vezes em função do período prolongado em que ocorre hoje. “Nós, da Fundação Alfredo da Matta, defendemos esse sistema único, porque acreditamos que vai facilitar a vida do doente. Mesmo na forma mais grave da doença, o tratamento será feito em apenas seis meses ao invés de um ano, ficando mais fácil de o paciente segui-lo até o fim”, disse.

 

Ele ressaltou que a proposta para implantação do esquema Multidrogaterapia Única, na rede pública, está sendo submetida à Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec/SUS). Ainda passará por diversas discussões, até a manifestação oficial por parte do governo brasileiro. O Ministério da Saúde está realizando seminários macrorregionais sobre o assunto, a exemplo do que foi realizado em Manaus, para a região Norte, no período de 25 a 27 de abril deste ano.

 

Diferença no tratamento – Hoje, os pacientes que se submetem ao tratamento para hanseníase são medicados num período de até um ano, conforme o tipo da doença – paucibacilares ou multibacilares. O MDT-U, por sua vez, propõe o uso da medicação num período de seis meses, independente do tipo de hanseníase. Pelo novo método, o paciente passa a tomar uma junção dos três medicamentos que são hoje adotados: a Rifampicina, a Dapsona e a Clofazimina, sem prejuízo à eficácia do tratamento.

 

Ocorrência – A incidência da hanseníase no Amazonas ainda é alta, mas vem caindo, de acordo com Cavalcante. No ano passado, foram registrados 459 novos casos da doença no Estado, uma redução de 33,57% em relação a 2013, cinco anos atrás, quando foram registrados 691 casos. “Isso se deve a um trabalho continuado e sequenciado que a Fuam vem fazendo, com os mutirões, as ações nas escolas da rede pública e a supervisão e monitoramento do combate à hanseníase nos 62 municípios amazonenses”, afirmou.