Francisca Mendes desenvolve programa de saúde bucal para pacientes cardíacos

A saúde bucal está diretamente relacionada com o bom
funcionamento do coração. Uma infecção dentária, uma cárie, pode se tornar
porta de entrada para bactérias que causam infecção cardíaca e podem levar ao
óbito. O Hospital Universitário Francisca Mendes, referência na área de
cardiologia na rede pública de saúde do Amazonas, desenvolve um programa
específico na área de odontologia para os pacientes portadores de doenças
cardíaca, tanto adultos quanto crianças.


A unidade possui odontóloga especialista no atendimento aos
pacientes portadores de doença cardíaca e cumpre um protocolo interno de
atenção integral ao paciente, incluindo o tratamento dentário como parte do
tratamento cardíaco.


O protocolo estabelece que todos os pacientes que iniciam o
tratamento no Francisca Mendes deverão ter uma consulta agendada com a
odontóloga. A profissional faz a avaliação do quadro de saúde bucal do paciente
e trata as doenças encontradas. “Eu faço um check up na boca do paciente e tudo
que encontrar será imediatamente tratado, principalmente as cáries e cálculos
dentários (tártaros) que se não tratadas se tornam foco de infecção e podem
causar complicações nos período pós-operatório”, destaca a odontóloga Priscila Lacerda,
responsável pelo serviço.


Ela informa que o protocolo também estabelece que todos os
pacientes que serão submetidos a procedimento cirúrgico só terão sua cirurgia
agendada depois de passar pela avaliação da odontologia e os que têm algum
problema diagnosticado precisarão fazer o tratamento antes da cirurgia. “Esse
procedimento irá anular as portas de entrada de infecção presentes na boca do
paciente”.


Priscila explica que as cáries profundas alcançam a polpa do
dente, causam inflamação, tornando-se portas de acesso para a entrada de vírus
e bactérias, que podem causar doenças cardíacas, como a endocardite.


No caso das crianças portadoras de doenças cardíacas, Priscila
explica que é preciso ter um cuidado redobrado na hora do atendimento. “Essas
crianças não podem ser submetidas a situações que provoquem quadros de choro
intenso, uma vez que isso provoca a aceleração do coração e isso pode ser ruim
para o quadro geral dela”.


Para esses casos a odontóloga conta com o suporte da equipe de
cardiologistas, que avaliam o paciente e indicam que o mesmo precisa de suporte
avançado no atendimento odontológico. “Geralmente nesses casos, o paciente é
levado ao centro cirúrgico, onde é sedado para poder passar pelo procedimento
de restauração dos dentes ou mesmo extração. Nós temos os equipamentos
portáteis, que nos permitem realizar os procedimentos no ambiente do centro
cirúrgico”, relata.


Além do tratamento, a dentista também orienta os pacientes sobre
os cuidados diários que os mesmos devem ter para manter a saúde bucal. “Em
todos os atendimentos eu oriento o paciente sobre a higiene, a importância de
usar o fio dental, de fazer os movimentos certos de escovação dos dentes,
alertando que essa é a forma mais segura de manter a saúde dos dentes e
consequentemente do coração”.   


O executivo de vendas Andreson Teixeira, que está internado no
Francisca Mendes em recuperação pós-cirúrgica, adquiriu uma endocardite através
de infecção na boca. Ele relata que apresentou problemas nos dentes siso e
precisou extrair. O procedimento de extração foi realizado e ele cumpriu todas
as recomendações de tomar medicação e repouso, mas apesar disso foi infectado
por uma bactéria, que se alojou no coração e danificou a válvula mitral. “Eu
comecei a sentir muitas dores, febre alta, calafrios, fiz vários exames até que
conseguiram diagnosticar a inflamação no coração”, relata.


Os danos causados pela bactéria foram tão graves que danificaram
totalmente a válvula mitral e Andreson precisou ser submetido a procedimento
cirúrgico para a troca da válvula original por uma mecânica. A cirurgia foi
feita há 15 dias, o paciente se recupera bem e tem previsão de alta para a
próxima semana. “Eu decidi que vou contar minha história para todas as pessoas
que se aproximarem de mim, pois muita gente desconhece essa relação que existe
entre as infecções na boca e os problemas do coração”, diz Andreson.