Coral infantil formado por crianças operadas de fissura labiopalatina faz primeira apresentação

O
coral infantil formado por crianças e adolescentes que realizaram
cirurgia reparadora de fissura labiopalatina (lábio leporino) no
Hospital Infantil Dr. Fajardo realizou sua primeira apresentação
pública, nesta sexta-feira (18/12).

 

O
hospital da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) é referência para
reabilitação de crianças e adolescentes portadores de fissura
labiopalatina desde 2016, acumulando desde então o total de 834
cirurgias. Os pacientes têm acompanhamento ambulatorial pela unidade no
pré e pós-operatório.

 

A
ideia de montar um coral com as crianças surgiu depois do bom resultado
que elas apresentaram no trabalho de reabilitação realizado pelo
ambulatório de fonoaudiologia, desde que foram estimuladas a realizarem
exercícios aplicados a profissionais de canto.

 

Abraçada
pelo diretor da unidade, Aly Ballut, a proposta de inserir os
exercícios de canto na rotina de reabilitação das crianças após a
cirurgia foi da fonoaudióloga Raquel Barbosa.

 

“Sou
especialista em voz e canto, e trabalho com cantores profissionais.
Então comecei trabalhar com as crianças alguns exercícios voltados para o
canto, como recurso terapêutico, e vi que o resultado foi muito bom”,
lembra a fonoaudióloga.

 

A
equipe do ambulatório de fonoaudiologia do hospital é formada pelas
fonoaudiólogas Raquel Barbosa, Sara Zagata e Larissa Lopes.
Aproximadamente 40 crianças que passaram por cirurgia reparadora de
fissura labiopalatina são atendidas no serviço.

 

Carlos
Levy Santos Fernandes, de 13 anos, conta que realiza um sonho ao
participar de eventos como o desta noite de sexta-feira. Para ele, os
exercícios o ajudam a progredir a cada dia.

 

“Os
exercícios têm me ajudado muito, aprimorado minha voz. Agradeço a
doutora Raquel por ajudar a mim e a outras crianças”, disse Levy.

 

O diretor interino do hospital, João Carlos, definiu a apresentação como uma grande mensagem de superação.

 

“É
uma mensagem que transmite superação. Elas passaram e passam por
diversas etapas de tratamento e estão se reabilitando”, comentou João
Carlos.

 

A
fonoaudióloga Larissa Lopes afirmou que a apresentação musical ajuda as
crianças a superarem um grande estigma, que é o relacionado à fala.

 

“A
fissura acarreta grandes problemas funcionais, e dentre as funções
fala, respiração, deglutição, audição, a fala é o grande estigma desses
pacientes. Hoje estamos aqui apresentando um coral, uma apresentação que
envolve fala, voz, linguagem corporal, comunicação, expressão, o que
sem dúvida é um grande ganho para nós profissionais e principalmente
para os pacientes”, ressaltou Larissa.

 

Crianças
que nascem com o problema apresentam dificuldade na fala, como voz
anasalada, o que pode ser revertido com o tratamento correto, e o
profissional fonoaudiólogo é sujeito importante nesse processo.

 

Com
o progresso das crianças e o apoio dos pais, o hospital decidiu
preparar uma apresentação natalina, com o coral formado por 22 pacientes
atendidos pela unidade, com idades entre 3 e 17 anos. Uma forma de
celebrar a recuperação e trabalhar a autoestima das confianças.

 

A
iniciativa tem o apoio do renomado maestro Zacarias Fernandes, fundador
e mantenedor do projeto “Amazônia Em Coro”, e integrante da Secretaria
de Estado de Cultura e Economia Criativa. “É mais um Natal em que me
emociono. A apresentação é uma grande demonstração que todos podemos
cantar”, afirmou o regente, ao final da apresentação.

 

Histórico –
O serviço de reabilitação de crianças e adolescentes portadores de
fissura labiopalatina no Amazonas é realizado no Hospital Infantil Dr.
Fajardo desde 2016 em parceria com a equipe de profissionais da ONG
Smile Train Brasil, atualmente Instituto Yaçuri da Amazônia.

 

Acesso ao serviço –
O acesso ao serviço de reabilitação de crianças e adolescentes
portadores de fissura labiopalatina ocorre por meio de encaminhamento
médico, via sistema de regulação do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

Na
maternidade ou nas Unidades Básicas de Saúde, os pais da criança ou
adolescente podem pedir o encaminhamento para a cirurgia de lábio
leporino.

 

As cirurgias são realizadas três vezes na semana, em uma média de nove procedimentos por semana.

 

As
principais cirurgias realizadas são queiloplastia, palatoplastia,
enxerto ósseo alveolar e rinoplastia. A faixa etária contemplada para
atendimento vai do recém-nascido até 17 anos, 11 meses e 29 dias.

 

Por medida de segurança em razão da pandemia, apenas pais e servidores do Hospital acompanharam a apresentação.

 

FOTOS: Lúcio Pinheiro