Banco de Olhos do Amazonas zera fila de espera e ajuda outros estado com doação de córneas
O
Banco de Olhos do Amazonas zerou a ‘fila’ de espera de pacientes que aguardavam
por um transplante de córneas e, além disso, o Amazonas vem ajudando a outros
Estados com o envio de córneas que sobram, socorrendo, assim, os pacientes que
aguardam durante muito tempo por um transplante nas filas em todo o país.
Hoje,
cerca de 10 mil pessoas no Brasil aguardam por um transplante de córnea e, no
Amazonas, o Banco de Olhos, que é vinculado à Secretaria de Estado de Saúde
(Susam) e ao Ministério da Saúde (MS), já atendeu a mais de 1.900 pessoas com
transplantes de córneas e recebeu cerca de três mil córneas doadas.
O
Banco de Olhos do Amazonas já existe há 13 anos e, de acordo com a diretora da
entidade, a oftalmologista Cristina Garrido, o feito alcançado representa um
grande avanço para a saúde no Estado, mas as pessoas não podem deixar de doar.
“Apesar de a fila de espera por um transplante de córneas ter zerado, a fila é
bem dinâmica e todo dia entra e sai gente da fila. Por isso, precisamos
continuar com o nosso trabalho de sensibilização para que as doações
continuem”, enfatizou a médica.
Cristina
Garrido explicou que a doação de órgãos e tecidos só é feita mediante a
autorização da família e também nos casos em que, em vida, a pessoa informa que
é um doador. “O Banco de Olhos do Amazonas possui equipes especializadas nos
hospitais e no Instituto Médico Legal (IML) para trabalhar a abordagem das
famílias e para esclarecer sobre a importância da doação de órgãos e tecidos.
Nessas conversas, nós entendemos que, de certa forma, ao doar um órgão, aquele
doador continuará vivo porque terá um pedacinho dele em alguém”, ponderou a
diretora.
As
doações de córneas enviadas para outros Estados são realizadas via Banco
Nacional de Doação, localizado em Brasília e que é ligado ao Ministério da
Saúde (MS). “É uma rotina da Central Nacional de localizar a cidade que está
precisando de doações. Eles identificam a cidade e nós mandamos as córneas para
atender àquele paciente”, esclareceu Cristina Garrido.
Principais
causas
Conforme
informou a diretora do Banco de Olhos do Amazonas, Cristina Garrido, 19.5% dos
casos de transplantes no Amazonas ocorrem em virtude do mau uso de lentes de
contato e também do soro fisiológico. “As pessoas esquecem que as lentes de
contato têm prazo de validade e devem ser descartadas na data correta. Acontece
que muitas pessoas não respeitam esse prazo e, ao invés de filtrar, as lentes
acabam se tornando uma lixeira, servindo de canal para a ameba e se transformam
em úlceras gravíssimas que podem levar à cegueira”, revelou a médica
ressaltando que muitas pessoas dormem com as lentes.
Outros
agravantes para as córneas são pessoas que utilizam soro fisiológico que não é
adequado para a higienização das lentes. “O soro fisiológico é um perigo e
geralmente, as pessoas fazem uso indevido desse produto. As pessoas não devem
usar o soro fisiológico. Elas devem comprar a solução própria para lentes de
contato. Quem não dorme de lente, descarta as lentes de contato no prazo
correto e não usa soro fisiológico nunca vai ter problemas de córneas.”,
alertou a oftalmologista Cristina Garrido.
Transplante
seguro
No momento em que recebeu a notícia
de precisaria de um transplante, o professor Marcelo Lobo Paes, 35 anos, quase
entrou em desespero. “Quando você recebe a notícia de que vai precisar de um
transplante você fica preocupado o tempo todo. É uma notícia que você não
espera e aí você fica pensando: será que vai dar certo? Será que é seguro? Será
que eu vou conseguir recuperar a minha condição? É um momento muito difícil,
ainda mais que eu vim de uma infecção muito complexa e eu estava muito
fragilizado. Foi um momento muito difícil quando eu recebi a notícia, mas eu
não esperei nem um mês para fazer o transplante. E depois eu me senti um pouco mais
aliviado”, relatou Paes.
Marcelo
fez o transplante no ano passado e ainda faz tratamento. Ele diz que hoje está
mais inteirado do assunto. “Depois do transplante, você começa a vivenciar um
outro mundo, uma outra dimensão que você não tem conhecimento. E então você vê
médicos que estão inteirados do assunto, as equipes do Banco de Olhos, as
equipes do IML que fazem a coleta desse tecido que é a córnea e eles têm a
técnica específica, um protocolo de trabalho. O procedimento que é realizado é
tudo feito de forma bem clara e transparente”, relatou.
Para
o paciente que foi transplantado e que voltou a ter parte da visão, nada seria
possível sem a ajuda da família doadora. Marcelo diz que foi graças a todo o
processo que envolve desde os médicos à família do doador, que ele pôde voltar
a ter a visão recuperada. “É na hora da perda que a família tem que se superar
e dizer: ‘Sim, nós queremos doar’. Porque é a família que diz se ela quer doar.
E isso é um gesto de amor, de solidariedade num momento de dor e de
dificuldade”, ponderou Marcelo Paes.
Banco
de Olhos
O
Banco de Olhos do Amazonas funciona nas dependências da Fundação Hospital
Adriano Jorge, localizado na Avenida Carvalho Leal, s/n, Cachoeirinha, mas
existem profissionais habilitados para atender aos doadores em todas as
unidades hospitalares de Manaus e também no IML.