Atendimento a pessoas com sequelas da hanseníase será alvo de pesquisa

As Secretarias Estadual e Municipal de Saúde (Susam e Semsa) vão realizar, nos meses de setembro e outubro, uma pesquisa para atualizar o perfil epidemiológico dos moradores do bairro Colônia Antonio Aleixo, vitimados pela Hanseníase. De acordo com o secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, o objetivo do estudo é, principalmente, medir o impacto das medidas implementadas na rede pública de saúde do bairro, nos últimos dois anos, destinadas a promover a melhoraria do atendimento prestado a essa população.

Atuando em parceria com a associação de moradores do bairro, o clube de mães, o Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Mohan) e órgãos do poder público, a Susam e a Semsa fizeram intervenções importantes no sistema de saúde do bairro, buscando a padronização do atendimento das suas unidades e traçando novas estratégias para assegurar a atenção integral, sobretudo, aos moradores com sequelas da doença.

As mudanças foram precedidas de uma pesquisa semelhante à que será realizada agora e que permitiu visualizar indicadores importantes. Com esse novo diagnóstico, será possível avaliar o resultado do trabalho feito até aqui, identificar as deficiências que ainda precisam ser superadas e traçar novas estratégias de atuação”, disse Alecrim. Ele destaca que a participação das entidades e associações atuantes do bairro continuará sendo fortalecida no processo.

No período de 27 a 30 deste mês, será realizada a capacitação dos agentes de saúde e supervisores que irão a campo coletar os dados da pesquisa. O estudo vai abranger todos os domicílios do bairro, em que residam pessoas que foram atingidas pela hanseníase. As equipes de saúde já têm esses pacientes identificados, pelo levantamento realizado em 2010. Nossa programação prevê que a coleta de informações ocorra entre setembro e parte do mês de outubro, quando também começaremos a tabular os dados. Em novembro iremos trabalhar na análise dos indicadores encontrados e o relatório final da pesquisa deve estar pronto em dezembro, informou o fisioterapeuta José Cesar de Carvalho, diretor da Policlínica Antônio Aleixo e um dos coordenadores do projeto.

Perfil – Segundo o Perfil Epidemiológico realizado no bairro Colônia Antônio Aleixo em 2010, a população de vitimados pela hanseníase residente do bairro correspondia a 3,54% do total de habitantes. A maioria era de homens, na faixa etária de 61 a 70 anos. Entre os vitimados, 82,91% não realizavam, à época do estudo, nenhum tipo de tratamento para a doença. Entre os doentes, 15,03% estavam tratando as sequelas físicas causadas pela infecção. Entre os sequelados, 66,74% referiram necessitar de calçados e/ou palmilhas adaptados e 8,43% de próteses para os membros inferiores.

O estudo realizado em 2010 apontou a necessidade de padronização local do atendimento aos vitimados pela hanseníase. Era necessário reestruturar o tratamento específico das úlceras crônicas, com auxílio de cirurgias, se necessário, e com acompanhamento de equipe técnica especializada, em nível ambulatorial, além de fortalecer o programa de confecção de órteses e próteses personalizadas, frisa José Cesar.

A Policlínica Antônio Aleixo, salienta o diretor, hoje é a unidade de referência para o tratamento das feridas crônicas. As medidas para melhorar o acompanhamento dos pacientes com sequelas da hanseníase, segundo José Cesar, já tiveram impacto significativo inclusive no índice de amputações. São resultados que estamos vendo no dia a dia do atendimento e que, com a pesquisa, ficarão documentados, afirma ele.

Rede de atendimento – Ainda na década de 40, a Colônia Antonio Aleixo que tem origem na década de 30, quando funcionou como alojamento dos antigos soldados da borracha passou a abrigar um leprosário, local onde as pessoas diagnosticadas com a hanseníase eram isoladas.

Com o passar do tempo, os novos tratamentos e a adoção de novas políticas de saúde para o enfrentamento da doença, o local foi se transformando num grande bairro. Muitos moradores antigos, vitimados pela doença, refizeram suas vidas ali e lá continuam a tratar das sequelas da doença.

A rede de assistência à população do bairro conta com unidades de saúde do Governo do Estado e da Prefeitura: o Hospital Maternidade Chapot Prevost; o Hospital Geraldo da Rocha (que está passando por uma grande obra de reforma); a Policlínica Antônio Aleixo, que tem anexo um Centro de Reabilitação; Unidade Básica de Saúde Guilherme Alexandre; Unidade Básica de Saúde Lago do Aleixo; Unidade Básica de Saúde Nova Esperança; e Unidade Básica de Saúde da Família L-19.