Ministério da Saúde vai ampliar recursos para o Amazonas
Os rumos das novas pesquisas que visam auxiliar as ações de tratamento, combate e controle da Malária no Brasil estão sendo definidos, em Manaus, na 13ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária, promovida pelo Governo do Amazonas, com apoio do Ministério da Saúde (MS). A reunião, organizada pela Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde (Susam), está acontecendo no Caesar Business, na avenida Darcy Vargas, nesta quinta-feira (21) e sexta-feira (22), no horário de 8h30 às 18h e, também, no sábado (23), de 9h às 12h. Um dos destaques do encontro, o secretário de Vigilância em Saúde, do MS, Jarbas Barbosa, anunciou durante a solenidade de abertura do evento, que o governo federal irá ampliar o repasse de recursos para as ações de vigilância, no Amazonas, com foco na doença. O percentual será definido pelo MS até do fim deste ano, para o exercício de 2014.
O secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, destaca que o reforço chegará em momento oportuno, em que o Estado está fortalecendo as ações voltadas para as populações indígenas, que detém, atualmente, 30% dos casos de Malária. Alecrim frisa que o governo estadual vem mantendo a doença sob controle. Na série histórica de 2007 a 2012, houve redução de 59% no número de casos da doença, saindo de 200 mil para 82 mil casos por ano. Em 2013, a expectativa é ter em torno de 73 mil notificações. “O processo de estudo da Malária, características do mosquito transmissor, reações do organismo humano à infecção, aliado ao esforço da comunidade científica em desvendar novas terapêuticas eficazes contra o plasmodium tem sido um fator de fundamental contribuição para alcançarmos esses resultados”, avaliou.
A diretora-presidente da FMT-HVD, Graça Alecrim, frisa que uma das contribuições dos pesquisadores para o combate à endemia no Amazonas e no Brasil, de forma geral, foi a descoberta de terapias mais eficientes contra a Malária transmitida pelo plamodium falciparum, cujo registro é praticamente nulo no Amazonas. Ela frisa que os estudiosos estão debruçados, atualmente, sob o propósito de produzir conhecimento científico, que permita o desenvolvimento de novos mecanismos de controle do plamodium vivax, que é responsável por mais de 90% das infecções no Estado. “Dez anos atrás, tínhamos também um número expressivo de mortes por Malária. Hoje, são episódios raríssimos, tudo graças aos investimentos realizados na saúde pública, aliados ao alto nível de conhecimento técnico-científico que se desenvolve nas instituições empenhadas nessa missão”, destacou.
A 13ª Reunião Nacional de Pesquisa em Malária conta, também, com apoio da Organização Mundial da Saúde (OMS) e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), dentre outros parceiros. Tem o objetivo de definir prioridades para o desenvolvimento de novos estudos que auxiliem na terapêutica da doença no país.
Programação – Nesta sexta-feira, mais de dez pesquisadores irão participar do ciclo de palestras, que ocorrerá durante o dia, das 8h30 às 18h. Entre os temas abordados estão: ‘Malária na região extra-brasileira’, às 8h30, apresentado pelo pesquisador Cláudio Ribeiro; ‘A trajetória do plasmodium na pele’, às 10h, tema defendido pelo pesquisador Rogério Amino; ‘Malária Indígena: situação atual e perspectivas’, às 17h, apresentada pela pesquisadora Maria Zerbini, dentre outras exposições. A Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) também irá coordenar o Simpósio Satélite, no horário de 12h30 às 14h, com o título ‘Repensando as estratégias de controle da Malária na Amazônia’. O expositor será o especialista da FVS, Elder Augusto Guimarães Figueira. A programação completa está disponível para consulta no site www.reuniaomalaria2013.com.br.
Nesta quinta-feira, proferiu palestra no evento a coordenadora nacional do Programa de Controle da Malária, do MS, Ana Carolina Santelli, que falou sobre a eliminação da Malária transmitida pelo plamodium falciparum, no Brasil. Nesta quinta, também foram tratados, dentre outros temas, os cuidados adotados pelos órgãos de vigilância e que devem ser observados por turistas, quanto à transmissão da doença, em períodos de viagem.
Entre os destaques de sábado, estará a palestra do secretário estadual de Saúde, Wilson Alecrim, às 9h. Ele falará sobre a ‘Malária e o SUS’ em que irá abordar as ações desenvolvidas pelo Governo do Estado, no âmbito do Sistema Único de Saúde, voltadas para prevenção, combate e controle da endemia. A exposição contará com mediação de Bernardino Albuquerque, diretor-presidente da FVS, e de Romeo Fialho, assessor da subsecretaria de Gestão da Saúde da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa).
Sobre Malária – É uma doença infecciosa aguda, causada por protozoários parasitas do gênero Plasmodium. A transmissão ocorre por meio da picada da fêmea do mosquito do gênero Anopheles, que se infecta ao sugar o sangue de uma pessoa doente. No Brasil, 99% dos casos concentram-se na região Amazônica. Os criadouros preferenciais do mosquito transmissor da malária são os igarapés, por suas características: água limpa, sombreada e parada. Em humanos, se não for tratada, a malária pode evoluir rapidamente para a forma grave e levar a óbito. Entre os sintomas, os mais comuns são dor de cabeça, dor no corpo, fraqueza, febre alta e calafrios. O período de incubação varia de oito a 17 dias, podendo, entretanto, chegar a vários meses, em condições especiais.
A malária tem cura e o tratamento é eficaz, simples e gratuito. Ainda não existe uma vacina disponível contra a doença. Contudo, algumas medidas de proteção individual contra picadas de insetos devem ser utilizadas, principalmente nas áreas de risco. O uso de mosquiteiro impregnado com inseticida; de telas nas portas e janelas; de repelente e, ainda, evitar locais de banho em horários de maior atividade do mosquito – manhã e final da tarde são exemplos de medidas que devem ser adotadas para coibir a transmissão.