Saúde mental é responsabilidade de todos
O cuidado com portadores de transtornos mentais é tarefa de toda a sociedade, por isso sua discussão não pode se restringir aos muros dos órgãos de saúde. Esse é o posicionamento que a Rede de Atenção Psicossocial do Amazonas (RAPs) vai defender no 1º Simpósio Intersetorial “Para além dos muros institucionais: trabalhando as minorias”. O evento será realizado nesta quarta-feira, 17, às 8h, no auditório João Bosco Ramos, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM).
“A gente sempre fala de Saúde Mental só para os profissionais que estão diretamente no serviço de Saúde Mental. A rede precisa articular outros serviços e outros setores. É preciso trabalhar com movimento social, outras secretarias. Não adianta a gente falar da Luta Antimanicomial, enquanto outros segmentos ainda acham que tem que ter hospício”, comenta Luciana Diederich, coordenadora da RAPs.
Para Luciana, não adianta fechar hospícios sem mudar a forma de enxergar a loucura. Segundo ela, o desafio que está posto é pensar outras formas de vivência para portadores de transtornos mentais que não seja o isolamento social. E o primeiro a superar esse desafio é o próprio poder público, defende a psicóloga.
“Se a gente não fala sobre outras formas de viver sem ser o isolamento social, outras instituições que vão substituir os manicômios vão reproduzir as mesmas práticas. Por isso a gente precisa do envolvimento de mais atores nesse tema”, declara Luciana.
Além da Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), são parceiras do evento as secretarias de Cultura (SEC), Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (SEJUSC) e Direito da Pessoa com Deficiência.
Durante a manhã, após a mesa de abertura, serão realizadas conferências abordando temas como direitos humanos para moradores de rua com quatro de transtorno mental, violência sexual contra crianças e adolescentes e redes de trabalho com minorias.
Minorias
No período da tarde, o simpósio realizará rodadas de debates sobre direitos de crianças e adolescentes, políticas públicas para a população LGBT, Mulheres e prevenção ao suicídio.
Segundo a coordenadora da RAPs, as minorias, na medida em que têm diariamente a negativa de direitos, e vítimas de diferentes formas de discriminação, estão mais vulneráveis a situações de conflitos que podem resultar em transtornos mentais graves.
“Não que elas vão adoecer. Mas estão mais suscetíveis a um transtorno mental. São as minorias que chegam ao serviço de transtorno mental. É a mulher, é a criança vítima de abuso, é o segmento LGBT, o indígena, entre outros”, afirma Luciana.
Dia 18
O simpósio será realizado um dia antes do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, o 18 de maio. A Luta Antimanicomial é um movimento que defende mudanças nos parâmetros éticos e técnicos no atendimento aos portadores de sofrimento emocional grave. O processo é também conhecido como “Reforma Psiquiátrica” e teve início no final da década de 1980.