Enfermeira amazonense representa o Brasil em treinamento no Japão

O que existe em comum entre o Brasil, a
África e o Japão em termos de atendimento materno infantil e de que forma estes
países podem colaborar entre si, para melhorar a assistência nesta área da
saúde? É o que pretende descobrir aenfermeira amazonense Patrícia da
Silva Magalhães que, na segunda-feira, 23, embarca para a província de Oknawa,
no Japão, onde participa de um programa de treinamento oferecido pela Agência
de Cooperação Internacional do Japão (Jica). 

 

Patrícia, que atua há 20 anos na
Secretaria Estadual de Saúde (Susam), é uma das seis brasileiras selecionadas
pelo governo japonês para participar do treinamento 
“Strengthening 
Maternal  and Child Health Through Public  Health Activities (B)”,
 em
português: “Programa de Co-criação de Conhecimento e Fortalecimento da Saúde
Materno Infantil Mediante Atividade de Saúde Pública”.

 

Do Norte, apenas Patrícia e outra enfermeira de
Tocantins integram a equipe. As outras representantes são das regiões
Centro-Sul, Sul e Sudeste. Além do Brasil, quatro países africanos que falam a
língua portuguesa participam do treinamento: Angola, Moçambique, Guiné Bissau e
São Tomé e Príncipe.

 

Patrícia conta que os critérios para a
seleção, realizada em agosto, foram rígidos – ter mestrado, falar inglês
(embora o curso seja na língua portuguesa), atuar há mais  de 12 anos na
assistência materno infantil no SUS e toda a formação ligada à área, além do
aceite e liberação por parte do órgão governamental ao qual o candidato estava
vinculado.

 

Neste último ponto, a enfermeira conta
que recebeu todo apoio da Susam que, além de liberá-la para o treinamento, fez
ao governo Japonês a recomendação e a apresentação da  candidata como
representante do Governo do Estado do Amazonas no curso de formação. Uma das
contrapartidas dos participantes é replicar os conhecimentos adquiridos para
ações de fomentação visando à melhoria da assistência materno infantil no local
onde atuam.

 

Embora ainda não tenha recebido a
programação com conteúdo do treinamento, que vai durar 55 dias (de 23 de
outubro a 17 de dezembro), a intenção da enfermeira Patrícia é
aprender, tanto com a experiência japonesa, quanto dos países africanos. “A
expectativa é a melhor possível, primeiro porque  a troca cultural vai ser
muito interessante, assim como profissionalmente será muito
enriquecedor. Estaremos lidando com duas realidades, uma que a gente não
conhece, que é a assistência materno infantil na África, com taxas baixas de
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano)”, revela.

 

Patrícia pretende traçar um comparativo
entre o que é ofertado na assistência materno infantil no Amazonas, com o que é
feito em outros países que também falam o Português e trazer de lá ações que
possam ser implementadas com baixo custo e com processos de trabalho melhorado.
“A ideia é tirar o máximo proveito das experiências da África e do Japão, que
tem um dos melhores IDHs do mundo”, afirma a enfermeira.

 

Na programação está prevista uma ida a
Tóquio, onde a equipe irá conhecer a experiência local. “Minha expectativa é,
além da troca cultural, trazer experiências exitosas de Oknawa e de Tóquio,
para aplicar na nossa realidade”, revela.

 

Ela lembra que há dez anos, quando o
Amazonas também participou de um curso da mesma natureza oferecido pela agência
japonesa, houve muitos avanços na saúde pública do estado, inclusive com a
aplicação de recursos da Jica em maternidades do Amazonas. “A gente tem a
expectativa de trazer ideias, ações e também recursos financeiros. Já temos um
histórico com a Jica, que resultou na aplicação de recursos na saúde local”,
conta.

 

Por outro lado, a enfermeira pretende
levar na bagagem sua experiência de 20 anos na docência, na assistência e na
gestão para compartilhar com os outros participantes. No primeiro dia, o
participante terá que apresentar sua experiência na área aos demais. “Eu venho
de um trabalho de oito anos no interior, onde também fui gerente desse setor.
Conheço 70% dos municípios amazonenses e quero mostrar como fazemos assistência
materno infantil no interior do Amazonas e na capital”, observa.