Setembro Verde: Transplantados participam de Caminhada Pela Vida, na Ponta Negra
Mais de mil pessoas, dentre elas pacientes
transplantados do Amazonas, participaram da Caminhada pela Vida, que abriu o
calendário nacional de Sensibilização para Doação de Órgãos e Tecidos neste
domingo (1º/09), na Ponta Negra. A ação faz parte das atividades do Setembro
Verde, campanha que chama a atenção para a importância da doação.
Para a primeira mulher a se submeter a transplante de fígado no
Amazonas, Tábata Nepumuceno, 38, a data ainda tem um significado mais especial.
Neste dia 1° de setembro, ela completa o quarto aniversário do transplante.
“Hoje é meu segundo
aniversário. Há quatro anos, eu tive oportunidade de renascer, de receber o
gesto mais nobre, uma família me doou uma vida, algo que não tem preço. É uma
data de muita emoção, e eu sou muito grata. Hoje a pessoa de quem eu recebi a
doação de um fígado vive em mim também”, contou Tábata.
De acordo com a coordenadora da Central de Transplantes do Amazonas, Leny
Passos, o Setembro Verde foi criado para lembrar as famílias sobre a
importância de doar. Cada família pode autorizar o transplante que possibilita
a chance de salvar a vida de até cinco pessoas.
Participante da caminhada neste domingo, a secretária de Atenção Especializada
da Capital, Dayana Mejia de Sousa, falou sobre o envolvimento das equipes de
captação de órgãos e tecidos nas unidades de saúde.
“Estamos aqui com as
principais unidades de saúde, envolvidas com o processo de captação de órgãos e
conscientização no sentido de que a vida pode ser continuada. É importante que
todo aquele que tem a intenção de doar órgãos informe sua família. A morte pode
ser o fim para alguém, mas também pode ser a continuidade da vida para outra
pessoa”, ressaltou ela.
No Amazonas, 306 órgãos foram
captados pela equipe da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do Amazonas, no período que compreende de 2011 a
julho deste ano. Neste primeiro semestre, 13 órgãos foram captados; já em todo
o ano passado, foram 27.
Jairo de Freitas também é um dos
transplantados que contou com a solidariedade de uma família para receber um
fígado e desde 2016 comemora a chance de viver. “Setembro é um mês de
muita reflexão. É um mês para você realmente ver que a vida pode
continuar”, disse ele durante a caminhada.
Coordenação – A caminhada foi organizada pela Coordenação Estadual de
Transplantes, da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), em parceria com a
Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), Secretaria
Municipal de Juventude, Esporte e Lazer (Semjel), Instituto Municipal de
Planejamento Urbano (Implurb) e Fundação Sangue Nativo.
Iluminação Verde – Além da caminhada, instituições do Amazonas iluminam suas
fachadas com a cor verde, que simboliza a Campanha de Sensibilização para
Doação de Órgãos e Tecidos em todo o Brasil. Ao todo, são 14 entidades que vão
iluminar suas fachadas, dentre elas as unidades da Susam e os prédios da
Assembleia Legislativa do Estado (Aleam), da Federação das Indústrias do
Amazonas (Fieam) e do Conselho Regional de Enfermagem (Coren).
Procedimento cirúrgico – A coordenadora da Central de Transplantes do Amazonas,
Leny Passos, explicou que o transplante de órgãos é um procedimento cirúrgico
que consiste na reposição de um órgão ou tecido de uma pessoa doente (receptor)
por outro órgão ou tecido normal de um doador, geralmente após morte cerebral,
ou seja, com a perda completa e irreversível das funções cerebrais e que não
tenha sofrido parada cardiorrespiratória.
No estado, somente o fígado e
rim são captados, em razão da logística, uma vez que tempo de isquemia –
retirada de um órgão e transplante – pode levar até 48 horas e 12 horas,
respectivamente. Em relação aos tecidos, o Amazonas já realizou a captação e
transplante de 2.184 córneas nos últimos 16 anos; até julho deste ano, foram
101.
Desafios – A resistência da família e os mitos acerca da doação de
órgãos dificultam a captação, segundo a coordenadora da Central de
Transplantes. “É um momento muito delicado. Esperamos o momento certo de falar,
mas muitas famílias têm um pensamento, um mito, sobre a doação. Pensam que o
corpo vai ser deformado. A retirada dos órgãos é realizada em centro cirúrgico,
como qualquer outra cirurgia, e o doador pode ser velado normalmente”, disse.
É preciso deixar claro para
família, em vida, o desejo de ser um doador de órgão. A coordenadora afirma que
um dos principais fatores que limita a doação de órgãos é a baixa taxa de
autorização da família do doador.
Lista de espera única – Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um
transplante e já estão aguardando em uma lista de espera única, que reúne todos
os pacientes do país. A compatibilidade entre doador e receptores é determinada
por exames laboratoriais, e a posição em lista é determinada com base em
critérios como tempo de espera e urgência do procedimento.
FOTO: ROBERTO CARLOS/SECOM